INFORMAÇÃO CONTRA O PRECONCEITO
Foi andando pelas ruas e belas praias da pequena Itapema, cidade de 46 mil habitantes no litoral norte de Santa Catarina, que a fotógrafa Bruna Merizio dos Santos, de 21 anos, começou a se incomodar com um fenômeno que lhe tirava a atenção das belas paisagens e atrativos que o refúgio turístico oferece. Eram dezenas de imigrantes haitianos perdidos pelas ruas sem conseguir se comunicar, sem ajuda para se integrar àquela nova sociedade. Foi então que o coração falou mais alto e ela decidiu que precisava fazer alguma coisa.
Daí surgiu a Associação dos Haitianos e Amigos de Itapema. Com a ajuda de voluntários, a entidade oferece aulas de português aos recém-chegados e ajuda em qualquer dificuldade que eles tenham, desde conseguir um emprego, matricular seus filhos das escolas e até explicar os costumes e hábitos dos brasileiros. A onda migratória de haitianos no estado se intensificou após o terremoto de 2010 que assolou o país do Caribe. Eles vêm atrás de oportunidade de emprego e paz para viver com a família.
Além das aulas, a associação publicou uma cartilha bilíngue para os imigrantes português-criolo haitiano, com as informações básicas para que possam se virar sozinhos na hora de utilizar os serviços públicos e lidar com a nova sociedade.
“Víamos eles por aí sem conseguir falar o português, perdidos, sem amigos, muito triste, por isso decidimos ajudar”. Os voluntários também os ajudam a tirar documentos e muitas vezes até doam comida, roupas e remédios.
Além do trabalho voluntário e dos serviços como fotógrafa, Bruna ainda consegue arrumar tempo para se dedicar ao trabalho de consultora Natura, atividade que começou este ano por incentivo de uma amiga.
Mas o maior desafio na opinião de Bruna não é se dividir entre tantos papéis todos os dias, mas enfrentar a discriminação. “Sentimos esta resistência contra os haitianos, são situações que, infelizmente, ainda estamos aprendendo a lidar”, comenta a concorrente.
Se ganhar o prêmio, ela já sabe onde investirá. Quer formalizar a associação e, assim, poder ajudar ainda mais imigrantes, principalmente oferecendo cursos de profissionalização para que possam recomeçar com dignidade suas vidas.